A visão do mapa do Brasil

Eu vou falar sobre duas visões que eu tive há mais de uma década atrás. Eu ainda era bem jovem assim como Isaías, Jeremias, Daniel, Samuel e outros profetas no início do chamado, quando foram tocados pela soberania divina.

Essas visões não foram as únicas experiências extraordinárias que aconteceram comigo. Na verdade eu perdi as contas de quantas visões, sonhos e fenômenos de natureza profética eu acabei vivenciando mas essas experiências me marcaram profundamente por causa da categoria dos eventos e da simbologia dos mistérios que eu passei muito tempo sem conseguir decifrar. 

Uma dessas visões aconteceu assim:

Certa vez eu estava na minha devocional, sozinho no meu quarto, orando, imerso em comunhão com o Deus todo poderoso, quando eu senti a sua presença gloriosa encher todo o meu quarto e tomar conta do local enquanto eu era inundado por uma sensação de paz e amor infinitos. Então com as minhas palavras eu só conseguia adorar a Deus. Eu estava completamente rendido e tomado por profundo desejo de adorar, adorar e adorar. Eu não conseguia falar mais nada a não ser adorar aquele que eu não sou digno de estar em sua presença mas que pela sua graça faz aos homens comuns estas coisas serem possíveis.

Então enquanto eu dirigia as minhas palavras de adoração a Deus eu fui sendo tomado por um estado de sublimação até a minha consciência ser levada pra uma espécie de sonho acordado. Eu não sentia o meu corpo mas a minha mente estava lúcida. Eu estava em plena consciência racional, apenas um pouco anestesiado.

Nessa hora aparece pra mim o mapa do Brasil. Era um enorme mapa do Brasil, todo azul, que começava a se movimentar para que eu pudesse ver coisas nele. Eu conheço o mapa do Brasil pelo formato de suas delimitações externas. Então eu sabia que naquele momento o Senhor estava me mostrando o mapa do Brasil.

O mapa se move diante de mim até o seu foco ir parar na região norte do país. Então eu pude ver uma sigla sobre o Amazonas, meio próxima ao que seria a divisa do estado do Pará. Era a única sigla que aparecia no mapa porém não era a sigla correspondente ao estado do Amazonas. Ao invés de “AM” havia um “ES” de cor amarelo-dourado que reluzia em destaque naquela região. Eu sabia que essa sigla na realidade pertencia a um outro estado brasileiro que ficava bem longe dali, mais especificamente na região sudeste. Por esse motivo eu achei que havia algo de errado com o mapa, até que subitamente eu entendi que o “ES” naquele momento não estava representando o estado brasileiro do Espírito Santo, mas sim a presença do Espírito Santo de Deus sobre o Amazonas, provavelmente sobre Manaus.

O mapa se move mais uma vez e o foco vai parar no estado de Rondônia. Havia um pontinho marcado no local onde fica a minha cidade de Ariquemes. De repente começa a surgir um tracejado que partia dali e ia subindo progressivamente na diagonal em direção às iniciais “ES” que brilhavam em destaque no Amazonas.

Então o mapa se move mais uma vez, agora em direção ao sul do Brasil. Eu me lembro que nessa hora eu fiquei em choque. A parte de baixo do mapa do Brasil agora era a região da parte inferior da África. Portanto aquele não era mais o mapa do Brasil e nem era também o mapa do continente africano como conhecemos. Era uma mistura dos dois. A parte de cima se parecia com o Brasil e a parte debaixo com o sul da África.

Eu passei vários e vários anos tentando interpretar todas essas coisas de uma forma que fizesse sentido.

Eu sempre quis saber qual seria a minha relação com o Amazonas ou até mesmo com a África. O que Deus estaria querendo me dizer? Por que o mapa era azul? Por que a presença do Espírito Santo estaria ali naquela região? Teria eu que me dirigir para Manaus? Teria eu alguma missão a realizar na África?

Quando eu tinha cerca de uns 9 anos de idade eu me lembro que eu tive as minhas primeiras crises existenciais. Desde muito novo eu já era profundamente reflexivo a respeito de mistérios que envolvem a vida e a morte. Eu rezava todas as noites antes de dormir mas eu não sabia se existia mesmo um Deus. Então por volta dessa época, ainda muito criança, certa vez no quintal de casa eu olhei para o céu e perguntei se existia mesmo um Deus e se ele seria Jesus, pois o Jesus que eu conhecia me parecia ser fraco e não era respeitado pelas pessoas como sendo Deus. Esse Deus se não fosse fraco parecia ser distante e indiferente. Eu mal sabia que um dia Jesus seria tão próximo, tão presente e tão poderoso na minha vida.

Outras vezes me lembro de ter entrado em crise por ver tantos templos cristãos. No banco de trás do carro eu passava observando nas ruas inúmeros templos, catedrais, igrejas, religiões, denominações. Todas elas afirmavam ter a verdade de Jesus. Mas qual delas seria a certa? Teria alguma religião certa? Todas as demais seriam erradas?

Então a minha vida de certa forma sempre carregou a insígnia dessa busca pela verdade de Deus e pelo conhecimento de Jesus diante da confusão que as religiões criaram com o seu nome.

Eu já fui católico catequizado, batizado e crismado na igreja católica. Também  já fui evangélico discipulado, doutrinado e batizado na igreja evangélica. Participei de inúmeros programas, retiros, eventos, ministérios, denominações e grupos. Desde os mais “liberais” até os mais fundamentalistas. Desde os tradicionais até os pentecostais e neo-pentecostais.

As minhas experiências na igreja católica se resumiam a vontade de ir embora depois que eu era levado até a missa, após ser submetido a uma cerimônia com rituais, rezas e repetições litúrgicas que não me geravam nenhum interesse. Aquilo nunca se conectou comigo. As melhores lembranças no entanto se resumem às brincadeiras e as confraternizações da catequese e das reuniões com os jovens, o que era visto por mim muito mais como um entretenimento saudável(as vezes nem tanto) e uma oportunidade de encontrar amigos do que uma busca espiritual.

Na igreja evangélica protestante eu participei de muitos cultos ruins mas também de muitos cultos e reuniões que pra mim foram extraordinários como divisor de águas na minha vida por causa dos sermões mais bem estruturados com ensino prático que prendiam a minha atenção, por causa também das imersões em uma atmosfera de adoração ao ponto de quase tocar o céu e por causa do comprometimento com uma vida intensa de atividades espirituais como leitura bíblica, jejum, intercessão, oração e etc. Foi lá dentro que eu pude tomar decisões seríssimas sobre caminhar na fé por causa do choque de uma experiência viva com Deus que me revirou completamente por dentro.

O problema é que a religião protestante se fundamenta em uma teologia religiosa sistemática que pode ser extremamente nociva à sanidade mental de alguém que é incapaz de discernir tais distorções do Evangelho simples que Jesus ensinou, que não inclui as hierarquias de poder, as doutrinas religiosas, as introjeções de culpa, as proibições, as estruturas de controle e os legalismos.

Eu me entreguei de corpo e alma ao modus operandi da religião pensando que estava seguro pois a minha suposição se baseava na crença de que a instituição que pronunciava fervorosamente sua representatividade teria a legitimação de Deus para fazer tudo que bem entendesse. É isso que dizem os líderes em cima dos púlpitos. Eles se posicionam como uma autoridade inquestionável.

Tamanha intensidade da minha ânsia de ter desejado buscar a espiritualidade talvez se explique por causa dos meus poros abertos e eu não tô falando de cravos e espinhas mas sim das conexões energéticas e do overlaping com as dimensões espirituais. São sensores desenvolvidos do espírito.

Algumas pessoas tem esse tipo de sensibilidade em seus mais diversos nuances. É apenas um dom, uma capacidade natural de absorver as energias dos ambientes como uma esponja. Eu sempre me senti meio incompreendido por ter percepções sensoriais que as pessoas ao meu redor não pareciam ter. O resultado disso me fazia quase sempre sentir os ápices e as extremidades das experiências, sejam boas ou más. Portanto o que era bom, pra mim se tornava fantástico e o que era negativo tinha o potencial de me deixar muito pesado.

As vezes na minha experiência de vida planetária eu sentia como se eu estivesse no jardim do Éden enquanto eu notava que ninguém mais era capaz de perceber o encantamento sinestésico daquela realidade existencial paradisíaca. Outras vezes pude experimentar o próprio inferno na terra como talvez poucos tivessem experimentado.

Alguns poderiam chamar isso de mediunidade e lhe diriam pra desenvolve-la buscando o espiritualismo. Ao invés de me consagrar aos espíritos eu tive a forte intuição que eu deveria me consagrar ao Espírito de Deus.

Eu tinha a faca e o queijo na mão.

Sabe o que eu fiz?

Posicionei a faca e cortei o queijo.

Eu fiz o que deveria ser feito e tomei a decisão correta porquê pra mim pareceu a única opção sensata e realmente era. O problema é que no meio da minha busca a Cristo havia um adversário que eu não conhecia bem chamado cristianismo. Eu só queria Deus mas disseram que eu teria que continuar frequentando periodicamente os templos religiosos do cristianismo pra mim poder realizar a vontade dele.

Talvez a minha condição natural fez com que eu estivesse destinado a atravessar um grande sofrimento. Eu tinha um pesadelo recorrente que acontecia com certa frequência e me acompanhou desde que eu me entendo por gente. Eu nem me lembro sequer quando isso começou até que ele cessou de ocorrer depois que o meu mundo caiu.

Esse pesadelo é meio difícil de descrever por ser abstrato e não ter uma forma muito bem definida. Mas se trata de um tipo de gastura, desespero e angústia que eu estava aprisionado como se isso fosse piorando conforme uma contagem regressiva. Era apavorante. As vezes eu acordava assustado, com aquela sensação horrível querendo embrulhar as minhas emoções.

A última vez que eu pude sentir essa gastura conforme as sensações e o sabor do pesadelo foi quando o meu mundo se despedaçou e eu me vi espalhado em milhões de pedaços, vivendo como um moribundo mental. O meu pesadelo se concretizou em vida e por isso ele cessou de ocorrer no sono. Quando isso aconteceu eu pude sentir claramente aquelas mesmas sensações da gastura do pesadelo se materializando durante aquela bad.

Os meus poros abertos despertaram uma grande sede pela espiritualidade mas também me colocaram em um grande perigo porquê nesse mundo quem quer que deseje se associar a alguma religião encontrará muito mais caminhos de armadilha do que direcionamento correto para a espiritualidade saudável. Oferecem Jesus mas distorcem seus caminhos com enganos muito sutis.

A temática do “espiritual” é um terreno fértil para o diabo porquê ele sabe muito bem como agir dentro das religiões para atrair as pessoas e destrui-las através das mais diversas armadilhas camufladas de aparência do bem. Lá dentro também existe o que é genuíno, puro e verdadeiro. O problema são as misturas oferecidas no pacote que é comprado pelo indivíduo leigo. Basta um pouco de veneno no “caldeirão” pra tornar aquela experiência um caldo “mortal”. 

Os evangélicos são rápidos em identificar e sinalizar as ações demoníacas que ocorrem dentro das religiões espiritualistas e de matriz africana, mas são ineficientes em discernir as manifestações demoníacas nos seus cultos, nas falsas profecias, no fogo estranho, nas doutrinas de demônios, nos moveres sobrenaturais.

Eles são ligeiros em demonizar os líderes de outras religiões mas abraçam os lobos em pele de cordeiro que pertencem ao seu segmento, ainda que estes sejam mais perigosos, destrutivos e cheios do poder do engano. Eles chamam de irmão, defendem, fortalecem, fazem alianças quando é conveniente, tudo em nome do reino. E assim espalham o mal pela terra.

Também criticam a idolatria das imagens na igreja católica mas são idólatras da única idolatria que Jesus falou no novo testamento: o culto ao dinheiro. 

A religião evangélica protestante tem um potencial enorme de resgatar e restaurar uma vida humana completamente arrasada, tirando-a do fundo do poço e levando-a até um patamar de dignidade e ressocialização, mas também tem um potencial enorme de levar uma pessoa saudável até o mais profundo calabouço das doenças mentais, segundo estatísticas da psicologia e psiquiatria. Cerca de 70% das pessoas que são internadas nos manicômios vêm de uma experiência profunda com a igreja evangélica.

As chances de enlouquecer lá dentro são infinitamente maiores do que experimentar uma rotina religiosa através da liturgia monótona, rasa e inofensiva da igreja católica, que olhando por esse lado pode ser um lugar muito mais tranquilo e seguro para gastar algumas horas, encontrar algumas pessoas legais e se vincular a uma comunidade que tenta buscar princípios de fé e amor, mesmo que muitos frequentem apenas pra cumprir uma conveniência social. É claro que existem os movimentos católicos carismáticos mas isso não vem ao caso no momento.

Por ter vivido de forma intensa e sincera em busca da verdade no meio do cristianismo eu acredito ter credibilidade para falar um pouco sobre o assunto e propriedade para expor várias conclusões que não envolvem somente a dimensão de experiências pessoais místicas mas principalmente o entendimento prático sobre o assunto, que decorreu da minha vivência e que corrobora com a significação dos enigmas proféticos.

No próximo artigo eu conto sobre a outra visão que foi uma experiência diferente onde eu fui arrebatado em espírito e levado pra dentro de uma “igreja” do cristianismo enquanto observava coisas acontecendo lá. Por último eu irei falar sobre a interpretação de tudo.

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