Você sabe o que Jesus quis dizer com a expressão “Nascer de novo” em uma conversa com um mestre da lei chamado Nicodemos?
Nicodemos perguntou: Porventura pode o homem depois de velho entrar na barriga de sua mãe e voltar a nascer?
Mas não se trata de um nascimento físico. Jesus estava falando de um renascimento espiritual, de um batismo de compreensão que nos faz ter um novo olhar, de uma revolução disruptiva do caldo religioso-cultural que nos impede de enxergar melhor para que possamos superar em muito a mediocridade e a média ponderada para atingir o nosso potencial em Deus.
Com Moisés recebemos o mandamento que diz: Honra teu pai e tua mãe.
Mas Jesus disse: Eu vim para pôr os filhos contra os pais, as filhas contra as mães e as noras contra as sogras. E assim os piores inimigos de uma pessoa serão os seus próprios parentes.
Em Jesus há todos os estímulos para a melhor convivência e relacionalidade, mas em Jesus também não há nenhum traço de passividade ou conformidade quando se trata de defender a verdade e a justiça de Deus, inclusive quando a incoerência ou o embate vem de pessoas mais próximas, ou mesmo dos seus supervisores, mestres, líderes, pais, filhos, parentes e das pessoas que te amam.
É por isso que é muito possível, provável e comum que por causa de Jesus guerras de ideais possam ocorrer no meio das famílias devido a tradições culturais ou religiosas, ou costumes que vêm dos antepassados, ou limitações cognitivas que podem entrar em choque com a verdade da luz do reino de Deus e com as decisões que precisam ser tomadas pelo discípulo de Jesus.
Jesus nunca nos induzirá a ter desrespeito, violência, grosseria ou estupidez com aqueles que ainda não tiveram a mesma compreensão que a gente. Muito pelo contrário.
Devemos manter o nosso posicionamento firme com aquilo que já entendemos e contra aquilo que não condiz com a nossa fé, mas devemos também manifestar todo carinho, respeito e cuidado, procurando o melhor convívio possível, se for possível.
“Se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um incrédulo.”
Com Moisés recebemos o mandamento que diz para honrar os pais, o que para muitos pode estar ligado com a obediência às suas tradições e às suas vontades.
Mas para Jesus honrar os pais vai muito além disso. Tem a ver com melhora-los por meio das nossas próprias vidas, o que pode significar até mesmo ter que contraria-los para obedecer a Deus. Filtrar os seus ensinamentos e pôr limites é a melhor oportunidade que você pode dar a eles de reverem suas atitudes e pensamentos a fim de serem melhores e de se desenvolverem.
Você pode honra-los seguindo os seus passos quando estes estão alinhados com a verdade de Deus e com o bom senso ou honra-los não concordando com o que eles acreditam e praticam se isso faz com que você fique limitado ou condenado a um teto muito baixo de compreensão.
Podemos aprender muitas coisas boas com os progenitores mas também podemos ter a oportunidade de ensina-los por causa da consequência de vivermos uma vida de entrega a Jesus. No fim das contas essa troca faz bem pra todo mundo.
De modo que o chamado em Jesus é que aprendamos a ser pais que cuidam dos filhos e filhos que cuidam dos pais, ter comunhão com parentes que são do mesmo sangue e ter também relacionalidades de fora como se fossem parentes, porque a mensagem do reino de Deus chama os seres humanos a fazerem parte de uma família espiritual que vive em unidade fraterna.
Jesus disse: Todo aquele que faz a vontade do Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Imagina se Jesus tivesse desistido de fazer a vontade de Deus quando os seus parentes tentaram impedi-lo. O que aconteceria a nós se ele tivesse recusado sua vocação, parado de pregar, de curar os doentes, de anunciar a mensagem das boas novas, de viver a justiça do reino, a verdade expontânea e a cruz?
O chamado de Jesus para essa revolução disruptiva e para o renascimento espiritual que contempla um novo olhar da realidade também nos leva a compreender isso e a aprender a separar os nossos sentimentos e afeições das nossas decisões racionais pois uma coisa não precisa estar vinculada à outra para não ficamos presos à obediência cega que nos deixa estagnados. Caso contrário corremos o risco de reviver em nossas vidas as mesmas recorrências ruins, os problemas, as indiosincrazias familiares, os traumas, os medos, os vícios, as dores, as culpas e a falta de assertividade de quem passou a vida inteira sem ter tido a oportunidade que você tem agora de aprender da forma certa.
Você não deve deixar de amar a quem você ama e nem de gostar de quem você gosta, você apenas não pode deixar que a sua vida fique limitada à compreensão de quem fez o melhor que pôde mas cujos conselhos são baseados em quem viveu uma vida limitada.
Em Jesus somos livres para transcender, não precisamos ser reféns da nossa atual realidade, do nosso passado e nem da influência desbalanceada de nossos antepassados. Portanto também somos chamados para evoluir e melhorar ainda mais o legado que tivemos, se possível, mesmo que ele tenha sido um excelente legado cheio de amor e de boas direções.
Quem entendeu isso sabe que o mais natural e desejável é esperar que futuramente os seus filhos te melhorem ainda mais e te superem. Quem manifesta inveja ou ciúmes dos filhos é narcisista, infantil ou ainda não amadureceu o suficiente na caminhada.
Jesus disse: Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.
Para ser um discípulo de Jesus é preciso fazer uma ruptura com o cordão umbilical das tradições limitantes ou inconvenientes.
Os costumes ruins, nocivos, infrutíferos, maliciosos e as táticas sorrateiras que vem da experiência vivida fora do discipulado não combinam com a vida do discípulo.
A pergunta de Nicodemos, que era um mestre, revela que um mestre pode entender de muitas coisas mas ainda assim ele pode ser completamente ignorante em relação a premissa básica do que é necessário para viver e se desenvolver no reino de Deus.
Nicodemos não era um homem ruim, mas entre as suas tradições, seus conhecimentos e a possibilidade de viver a plenitude em Deus faltava um espaço do tamanho de Jesus, ou seja, faltava tudo.
Para viver no reino não é possível fazer reformas em cima de tudo que já sabemos, mas para alcançar a dimensão de uma mente que vive a plenitude é necessário reaprender tudo de novo com Jesus.
Tem que ter uma reinterpretação total da vida, começando do zero, desde o renascimento espiritual, até engatinhar, dar os primeiros passos e caminhar, renovando o entendimento todos os dias, deixando pra trás o que já não serve e dando lugar ao novo de Deus.
Porquê os sábios e humildes de coração nunca param de aprender, mas os arrogantes acham que sabem demais.
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